Talvez exista esse pequeno mundo, onde nada tem reflexo, um mundo desprovido de imagens erradas, de copias destrocidas, de enganos fundamentados na fraqueza de ser. Um mundo onde ao olharmos para algo nada vemos. Que interesse tem olhar para algo que já sabemos á partida o que é. Se pelo menos podessemos retirar da mente essa ideia errada de saber. Talvez exista. Talvez podessemos conhecer em vez de nos desiludirmos, talvez podessemos encher em vez de ver desaparecer. O mundo não é aquilo que pensamos ser, nunca será. E nós? Saberemos nós quem somos? Ou seremos apenas o reflexo daquilo que pensamos ser?
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2 comentários:
Não sei se esse mundo existe. O que eu sei é que podemos ser nós a tentar criar esse mundo e encaixá-lo neste que é tão imperfeito.
Também não sei se isso de olhar para algo e saber logo o que esse algo é não será uma ilusão daquelas que gostamos de criar mais não seja para nos engarmos a nós próprios. Porque aquilo que nós achamos que uma coisa é muito poucas vezes corresponde ao que ela é na realidade.
E acho que o mesmo se aplica à imagem que temos de nós próprios.
No fundo talvez seja muito fácil criar imagens de coisas, de pessoas, achar isto ou aquilo mas conhecer, conhecer é muito mais complicado que isso. E não sei se será algo que sejamos capazes de fazer.
A desilusão é algo que está sempre presente, mas provavelmente só existe porque temos tendência para o exagero. Se não tivessemos esta sede de definição, este querer saber tudo, talvez estivessemos mais abertos à novidade que é o mundo e talvez assim fosse possível crescer e subir degraus ao invés de andar a subir e a descer, a dar e a tirar.
Talvez isso passe pela nossa cabecinha, pela maneira com que nos relacionamos com o mundo e com aquilo que esperamos dele. Ou talvez não, não sei.
O sol hoje está um bocadinho tímido mas lá vai aparecendo de vez em quando. Não que isso altere muito a forma como eu olho para o dia mas pronto, é sempre mais um bocadinho de luz.
Como é que estás?
beijinho*
A verdade é que não temos todos a facilidade de exprimir aquilo que sentimos. No outro dia conheci uma rapariga que me disse que passou por uma depressão terrível mas que sempre teve a facilidade de comunicar com os outros e que isso a ajudou imenso. Ela tinha a facilidade para falar com qualquer pessoa. Às vezes nem conhecia bem a outra pessoa e dois dedos de conversa depois já estava a falar dos seus problemas e do que a preocupava. Aquelas conversas podiam não servir para nada, mas faziam-na sentir bem, mais livre.
Eu gostava de ser assim até porque acho que sou o extremo oposto. Posso te dar o exemplo das minhas amizades, mesmo as mais antigas e que vêm desde que eu me lembro de mim. A verdade é que eu tenho noção de que aquelas pessoas me conhecem muito bem mas porque conviveram comigo durante todos estes anos, não porque eu tivesse partilhado a revolução de sentimentos que vai dentro de mim. Se lhes fores perguntar o que eu é que senti em determinado momento provavelmente elas não te vão saber dizer porque eu nunca falei sobre isso. Mas eu sempre fui assim, sempre me catalogaram como uma pessoa fechada e pouco comunicativa, sei lá, eu sou mesmo assim. Não sei se me fará mal, bem eu sei que não faz, mas é dificil ser de outra forma principalmente porque eu não consigo mandar cá para fora certas coisas.
Isso também não quer dizer que eu seja uma pessoa amargurada, que não sou. É provavel que demore um bocadinho mais a recuperar de alguns choques mas não acho que isso seja muito preocupante.
Eu acho que estou a precisar de umas férias de mim mesma porque eu adoro iludir-me e parecendo que não isso também cansa. Quando tenho um problema fecho os olhos como se não olhar para ele o fizesse desaparecer. Não faz. E depois de um problema vem outro e ficam os dois ali à frente a olhar para mim. E torna-se cada vez mais dificil fechar os olhos e gerir tudo isto, é preciso muita força. E isso cansa tanto.
Mas desculpa. Também não tens de estar a levar com isto. Eu às vezes começo a escrever e apesar de ter noção que não digo nada de jeito e que sou perita em falar sobre nada não consigo parar. O que acaba por ser um bocadinho estranho mas enfim.
Essa ideia de que algo é porque assim tem de ser é coisa que não entra na minha compreensão. Às vezes é uma ilusão acreditarmos que pode ser algo mais mas não será também o contrário? Eu já te disse que acho que tu tens capacidade para tanto, podes ir tão longe, basta acreditares nisso. E isso é uma coisa que só tu podes fazer por ti.
E não quero que me peças desculpa, eu não tenho nada para te desculpar. Talvez um dia consigas ver aquilo que és para mim. E se esse dia chegar talvez entendas quem é que tem de pedir desculpa.
Obrigado por tudo :)
beijinho*
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