sábado, 31 de maio de 2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A um passo, é sempre mais dificil. Como se andar custasse mas parar fosse o problema, e quando não se acha diferença é porque passamos a fronteira. Só que deste lado, o lado da pseudo clarividencia, ficar é impossivel e partir não faz sentido.
Ao fundo uma parede, contra a qual é preciso correr, de olhos bem abertos, a cada passo a percepção do embate, a dor antecipada, o medo. Depois o papel rasga. Do outro lado a incrivel decepção, nada é aquilo que pensamos ser...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

quando aceitas a dor
e te habituas a ela
até já não a sentires
algo morre em ti

...e nas nossas mãos está a faca que lhe trespassa o coração.

Quando tropeçamos no mundo percebemos que há coisas que nos consomem, ou secalhar, qua há coisas pelas quais somos consumidos. Basicamente o que muda é a causa o efeito é exactamente o mesmo. Talvez perceber que nada podemos fazer para mudar isso seja o mais destruidor, porque enquanto a ilusão da mudança existe, existe tambem a vontade de o tentar fazer, perde-la é fechar os olhos e deixarmo-nos consumir. Ás vezes penso que já ardeu tudo o que havia para arder, mas não, isso não é verdade, porque a cada dia que passa arde mais um pouco. Mas os fogos não começam com o acto de inflamar, começam sim na facilidade que temos em arder...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sempre tive dificuldade em perceber o conceito de caos organizado, como se as coisas podessem nascer do nada. Como se no meio de uma tempestade tudo caisse exactamente no sítio onde deveria estar. Será que há coisas que acontecem porque têm de acontecer? Ou tudo é produto da vontade de alguem?
Conseguiremos perceber até que ponto a nossa vontade, ou a falta dela, provocara parte desse caos, parte desse nada, desse nada onde tanta coisa acontece. Ficamos quase sempre pelo seguir em frente, pelo passar ao lado, quando deviamos tentar perceber o porquê. Porque quando algo nasce é porque alguem lhe deu vida, e sempre que algo morre é porque alguem o deixou morrer. A vida é um pouco mais que acontecimentos desconexos, é uma linha que liga este áquele ponto e no caminho de um ponto ao outro são as nossas pegadas que ficam marcadas no chão. Aceitar que podemos evaporar de um deles e materializarmo-nos num outro é perder a noção de viver.

terça-feira, 27 de maio de 2008


This body holding me reminds me
Of my own mortality
Embrace this moment
Remember, we are eternal
All this pain is an illusion

Talvez exista esse pequeno mundo, onde nada tem reflexo, um mundo desprovido de imagens erradas, de copias destrocidas, de enganos fundamentados na fraqueza de ser. Um mundo onde ao olharmos para algo nada vemos. Que interesse tem olhar para algo que já sabemos á partida o que é. Se pelo menos podessemos retirar da mente essa ideia errada de saber. Talvez exista. Talvez podessemos conhecer em vez de nos desiludirmos, talvez podessemos encher em vez de ver desaparecer. O mundo não é aquilo que pensamos ser, nunca será. E nós? Saberemos nós quem somos? Ou seremos apenas o reflexo daquilo que pensamos ser?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

É tão dificil. É tão dificil não perceber. É tão dificil não perceber se está para alem de nós.
E aperta. E aperta qual bola de borracha. E aperta qual bola de borracha no nosso peito.
E a vontade. E a vontade de partir. E a vontade de partir tudo o que nos rodeia.
E depois tu. E depois tu a soprar. E depois tu a soprar vida contra os meus olhos.
Como se tudo não passasse de um sonho que me gritas ao ouvido.



... depois as pessoas veem-nos com um envelope na mão e dizem, parabens.
...está cada vez mais dificil passar despercebido neste mundo.

" A verdade é que nós somos como uma comédia quando uma pessoa chega ao teatro no segundo acto. É tudo muito bonito mas não se compreende nada. Os actores falam e actuam sem saber muito bem porquê, parecem-nos loucos que entram e saem do palco com bastante decisão."

domingo, 25 de maio de 2008

Ás vezes pensamos no facto de estarmos a seguir o melhor caminho, é estranho se pensarmos no conceito de melhor. Quando fazemos uma viagem a um determinado sitio seguimos uma estrada e, eventualmente, se lá voltarmos seguimos uma outra, e se tivermos um dia de lá voltar, outra vez, provavelmente escolheremos a melhor das duas.
Na vida, escolher o melhor caminho é apostar no vazio e as probablidades de nos perdermos são sempre elevadas. Porque uma oportunidade não é algo a que se possa voltar, e por vezes os caminhos pelos quais escolhemos caminhar não são tão reversíveis quanto pensamos ser.
Provavelmente será impossivel caminhar só pelo gosto de o fazer, sem que um objectivo nos impele a mover, mas fechar os olhos e correr por aquele que achamos ser o melhor caminho para nos levar a algo é um risco enorme.
Caminhar é sentir o prazer da brisa na nossa face, é desfrutar da paisagem do caminho pelo qual caminhamos, é pararmos e termos a noção do sitio onde nos encontramos, é ouvir todos os sons que nos rodeiam, sentir toda a vida que nos envolve. Caminhar não tem hora marcada, nem sitio para chegar.

Como se tudo o que foi tivesse o peso da impossibilidade, mas sendo, foi o que pode ser.

... o futuro nada é, e o contar dos dias não faz sentido

sábado, 24 de maio de 2008

A lágrima

O ritmo constante da chuva nas telhas tira-me de um lugar petrificado, uma imagem que ficou ali imóvel. Não sei se ficou para recordar ou para me mostrar que nunca poderá ser. Uma fotografia tirada de um sonho e que ao acordarmos, de manhã, continua lá misturada com todas as outras, outras essas que já nem se consegue saber se pertencem a uma realidade vivida ou se ficaram lá tempo suficiente para se tornarem, para nós, tão reais como elas.
Encosto a testa na janela, a chuva caí violentamente. Uma pequena gota desliza pelo vidro arrastando no seu caminho uma outra, depois outra e outra, as necessarias para formar um corpo com a massa suficiente para se libertar do vidro e se estilhaçar no chão, para voltar a ser o que era no principio. No chão forma-se um pequeno regato, navegável para pequenos seres, como todas as correntes arrasta tudo o que encontra, sem escolha, sem vontade, é assim a corrente.
Os meus pés, descalços, sentem o frio do chão, a imagem desvanece, como só fosse possivel focar uma coisa de cada vez. Sobre o meu pé cái uma gota, que desliza por ele até ao chão frio. Coloco a mão no vidro e penso se será possivel sentir a imaterialidade. Imagino a vida como um conjunto de vidros que nos separam dela, uma especie de vidros organicos, que se tornam, com o passar do tempo, mais ou menos espessos. Vidros esses transponiveis pela vontade, ou pelo medo (independentemente de acharmos ou não diferenças entre estas duas palavras) como a daquela gota que por vontade de passar ou por medo de ficar se aninhou a meus pés.
Ao lado da gota encontra-se um livro. Um livro com capas pretas. No fundo da capa chegado á direita encontra-se o meu nome. Baixo-me e pego nele, sinto a sua leveza, como se por momentos a gravidade deixasse de existir sobre ele. Sento-me na beira da cama e começo a folhear o livro, assemelha-se a um diário, a maior parte das folhas foram arrancadas, estremeço, como se segurasse nas minhas mãos a minha própria memória. Na ultima pagina escrita encontra-se aquela imagem. Sobre ela cái uma gota. Gota essa que me lembra que nem toda a vontade, nem todos os medos nos fará atravessar este vidro que nos separa.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"Quem é que estava de regresso de si mesmo, da solidão absoluta que representa não contar sequer com a própria companhia, ter que enfiar-se numa sala de cinema, ou num prostíbulo, ou em casa de uns amigos, ou no casamento, para estar ao menos só-entre-os-demais? Era assim que, paradoxalmente, o cúmulo da solidão conduzia ao cúmulo do gregário, à grande ilusão da companhia alheia, ao homem só na sala dos espelhos e dos ecos. Porém, as pessoas como ele e tantos outros que se aceitavam a si mesmos (ou se rejeitavam, mas conheciam-se de perto) entravam no pior dos paradoxos, o estar quiça nos limites da alteridade e não poder atravessá-los."

why have you put so many things into my eyes
that I can't see clear
who's paid you for telling me what I'm worth
and run in fear
it has been for me a strain to see already
what have you done
the rising noise
the sharpened smells
the deadened sight
what is it in my eyes,
a piece of broken glass?
is this the time I should be on my knees for you?
is this your way of telling me,
another has been be found?
now I know it's teargas in my eyes

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Talvez seja a incapacidade de sonhar para alem do sonho, seja apenas a delicada mão que nos agarra quando a realidade se assoma. Não sei quem puxa este cordel, este aqui, que neste momento me tenta extrair o estômago pela boca. Será possivel? Não o estômago sair por lá.
Como é que se faz quando não se sabe fazer? -Estás a ver ali aquela flor. - Aquela ali ao lado daquela arvore? - Sim essa, para mim ela és tu. E a arvore. E o ceu. Estás a ver ali aquela nuvem? - Aquela nuvem negra ali? -Sim essa, essa sou eu a lutar com todas as minhas forças para não chover. -Mas quem é que puxa esse cordel?
-Não sei
Mas como é que pode ser? Uma ferida que sangra é apenas a parte visivel da dor. Fecha os olhos e da-me a tua mão, conta até tres, e dá o passo, aquela passo. -Mas o que se passa? -Não sei, não sei, não sei.
-Olha está a chover. - Pois as minhas forças não são assim tantas. Talvez possa apanhar todas as gotas.
- Ou então deixa apenas a ferida sarar.
Apenas, que palavra cruel que torna em algo tão desprezivel o sangue que não me corre de ferida alguma. Talvez seja apenas a incapacidade de viver, apenas, como se todas as feridas podessem um dia sarar.

Por vezes na incerteza de se ser capaz, gostavamos que fosse já. O tempo corroi as certezas humanas já de si frágeis. Poderá algo maior nascer de algo imperfeito? Poderá parte de nós ser enquanto uma outra, deitada no chão, desacredita tudo o que fazemos?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Quando caminhamos contra a corrente torna-se mais dificil acreditar na força que nos move as pernas. Gostava de arrancar de mim parte do que sou, não para a negar, apenas para lhe dar a oportunidade de renascer. Há sempre um momento em que acreditamos que chegámos, mesmo que isso não tenha acontecido, um momento em que as coisas que nos rodeiam têm sempre o mesmo aspecto aos nossos olhos. Se pelo menos podesse aceitar a devastação da tempestade. Se pelo menos podesse ver nela a possibilidade. Se pelo menos conseguisse aceitar as ruinas.

terça-feira, 20 de maio de 2008

" - Parto do princípio que a reflexão deve preceder a acção, tontinha.
- Partes do pricínpio. Que complicado. Tu és como uma testemunha, és como o que vai ao museu e olha para os quadros. O que eu quero dizer é que os quadros e tu estão ali, no museu, aproximados e distantes ao mesmo tempo. Eu sou um quadro, Rocamadour é um quadro. Etienne é um quadro, este quarto é um quadro. Tu pensas que estás neste quarto, mas não estás. Tu estás a olhar para o quarto, mas não estás no quarto."

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Chega sempre aquele momento em que a realidade nos assalta. Momentos esses em que aquilo que podemos fazer diminui consideravelmente. Nesses momentos é importante tentar encaixar nessa realidade alguma da ilusão que somos. Tenho tanta vontade de fechar os olhos, e de ao mesmo tempo olhar para tudo o que me rodeia, como se não conseguisse viver sem e ao mesmo tempo não conseguisse fazer parte de.

É estranho, mas por vezes tenho a sensação de estar sempre no mesmo sitio, de estar sempre a olhar para as mesmas coisas. Como se estivesse preso na imobilidade delas. Ás vezes deixo de ter a noção se estou a caminhar para algum lado, ou se o movimento é apenas um produto do meu pensamento. Voltar hoje, amanha, sempre, como se algo nos prendesse áquele sitio imaginario, que não sabemos sequer se existe para alem da ilusão. Talvez seja a necessidade de movimento, o medo de estar parado, que me leva sempre ao mesmo sitio para depois dele partir, ou então, todos os outros sitios aos quais julgo chegar são apenas pertextos para a ele voltar. Mas correr em circulos desgasta, desgasta sobretudo o caminho que pisamos, tornando-o cada vez mais perceptivel, como se a percepção das coisas as fizesse desaparecer diante dos nossos olhos.
Talvez por isso é que temos a necessidade de sonhar, mesmo que no fim o sonho nos leve lá, áquele sitio de onde provavelmente nunca saimos.

domingo, 18 de maio de 2008

Por vezes a vida dá-nos tanto mais que aquilo que esperamos dela. É obvio que quando nada se espera seja mais facil isso acontecer. O sonho é uma criança revoltada. E a revolta há tanto que me abandonou, a criança não sei. É dificil, uma vez quebrado, voltar a construir tudo o que nunca foi, é como abraçar de novo a esperança que nunca tivemos. Está tudo tão longe, e tão perto da possibilidade de lhe tocar. Para ti, confusão, sorrio, como uma criança que olha pela primeira vez para algo que foge á sua compreensão, mas que nela vê a sua felicidade.

sábado, 17 de maio de 2008

"... já homem pela cobardia, eu fazia o que todos nós fazemos, depois de crescidos, quando há diante de nós sofrimento, e injustiça : não queria vê-los, ia soluçar lá no mais alto andar da casa..."

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Existem pequenas coisas que nos mostram o que realmente interessa, pequenas coisas que por vezes deixamos passar sem que nos toquem. Talvez cegos por querer ser, esquecemos que o que importa é onde podemos chegar com aquilo que somos. É dificil aceitar que não somos capazes de algo, mas ao faze-lo estamos a dar o primeiro passo para o conseguir...

You are the authority on what is not possible, aren't you? They've got you looking for any flaw, that after a while that's all you see. For what it's worth, I'm here to tell you that it is possible. It is possible.

Gattaca

... depois há aqueles dias em que a vontade não sai da cama connosco, como se para a reencontrarmos tivessemos de voltar a ela e ficar ali á espera que ela se queria levantar, só para nos mostrar que pouco controle temos sobre aquilo que nos constitui.




quinta-feira, 15 de maio de 2008

" Percebi que estavas aqui. Que me contavas o teu segredo: olha para o mundo cada dia como se fosse pela primeira vez."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

... serei sempre a folha que cái e que levada pelo vento aguarda a sua vez de embater no chão.

Desistir e continuar são apenas ilusões, que basta um pequeno acontecimento para as fazer desaparecer, porque aquilo que queremos tanto que a vida seja, não é mais que a capacidade de nos iludirmos a nós próprios. Os sonhos, os medos, os fantasmas, as necessidades, todas essas coisas são produtos de uma irrealidade que criámos com medo de sermos apenas animais. Não que ache isso algo mau, é apenas um facto, o mau é nao perceber isso, porque não perceber é deixarmo-nos iludir, é viver apenas para participar na ilusão de outro alguem. Tenho medo de criar as minhas próprias ilusões, não que tenha medo que um pequeno sopro as faça desaparecer, apenas porque não sei até onde as posso levar, não tenho a noção do quanto conseguirei pegar nelas e faze-las seguir em frente. Não sei - acho que são as palavras que mais presente tenho, mas nem isso acho que seja uma coisa má, porque se não sei gostava muito de saber, e só isso pode interessar, só tentar perceber pode conseguir tornar estas ilusões em algo mais.


terça-feira, 13 de maio de 2008

Quero tanto ser, quero tanto tentar, quero tanto conseguir, não percebo porque é que esta descrença não me deixa, mas vou apenas sorrir. Vou continuar a tentar, mesmo que não me deixes acreditar, vou continuar a ser, mesmo que não me deixes ver o que realmente sou, e no fim mesmo que não consiga vou-te sorrir porque és parte de mim...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Existem coisas que nasceram para ser o que são.

Provavelmente não deviamos tentar mudar essas coisas, mas é dificil saber quais são elas, é dificil perceber o que pode ser mudado ou não. Há dias em que acordo com a vontade de o fazer, de mudar as coisas que penso não ser possivel mudar, nesses dias lutamos com todas as nossas forças para tentar, e nesses dias acabamos sempre por quebrar, porque para mudar algo é preciso acreditar que é possivel, é preciso sentir uma pequena fraqueza nesse algo, antes que ele descubra uma das nossas próprias fraquezas e com um simples sopro nos afaste. Quando se parte para alguma coisa que vai exigir muito de nós a primeira coisa que devemos fazer é dissimular as nossas fraquezas, torna-las, aos olhos dos outros, apenas traços daquilo que somos. Acontece que viver é uma luta constante. Desde que abrimos os olhos e nos propomos a fazer o que quer que seja temos de erguer em nós as mais altas muralhas para proteger o frágil ser que somos. Ás vezes é dificil, ás vezes apetece-me entrar em algo sem nada esconder, e deixar-me devorar pelo mundo.
Mas há coisas que nos fazem mudar a maneira como olhamos para aquilo que pensamos não ser possivel mudar, coisas que nos dão uma nova perspectiva para tudo o que somos, para tudo o que nos rodeia. E quando alguem nos oferece esse novo olhar não devemos recusar, não devemos deixar que ele se desvaneça. Não sei se um dia as minhas fraquezas te vão afastar, mas sinceramente não penso que poderei ser para ti de outra forma a não ser aquilo que sou, sem defesas, sem ilusões, mas com uma vontade imensa de tentar.

domingo, 11 de maio de 2008

Deep inside the silence
staring out upon the sea
the waves are washing over
half forgotten memory
deep within the moment
laughter floats upon the breeze
rising and falling dying down within me

And I swear I never knew,I never knew
how it could be
and all this time all I had inside
was what I couldn't see
I swear I never knew, I never knew
how it couldn't be
all the waves are washing over
all that hurts inside of me

Beyond this beautiful horizon
lies a dream for you and I
this tranquil scene is still unbroken
by the rumours in the sky
but there's a storm closing in
voices crying on the wind
the serenade is growing
colder breaks my soul
that tries to sing
and there's so many, many thoughts
when I try to go to sleep
but with you I start to feel
a sort of temporary peace
there's a drift in and out...





(raios onde é que eu andava em 78)

Quando alguem pega numa pedra dificilmente pensa naquilo que ela já passou. É apenas uma pedra, apenas um pequeno grão nesta imensidão de nada.
Ao pegarmos numa pedra e ao segurarmos essa pedra algum tempo na nossa mão estamos a dar esperança a essa pedra, como se alguem pegasse na nossa mão depois de cairmos do mais alto rochedo, de onde nos libertámos, ou de onde fomos expelidos.
Não sei se as pedras sentem esperança.
É sempre dificil saber se aquilo queremos dar chega ao sítio onde desejamos que chegue, ou mesmo se aquilo que temos para dar tem alguma utilidade a quem seguramos na nossa mão. Quando delicadamente devolvemos a pedra ao sítio onde pertence, damos-lhe a angustia de saber que existe, porque quando seguramos alguma coisa durante um espaço de tempo na nossa mão o calor que em nós existe transmite-se a essa coisa, mas não lhe pertence, e ela só o sentirá enquanto a seguramos na nossa mão.
Não sei se as pedras sentem o calor.
Mas saber que existe pode ser algo de mau se tivermos a noção que só é para nós durante um determinado espaço de tempo.
Não sei se as pedras sentem amor.
Mas sei que se sentissem seriam invadidas por um sentimento de gratidão, que nasceu do simples gesto de alguem descer do mais alto dos ceus para a segurar um pouco na sua mão.

Não sei se as pedras têm a noção que nada são.
Mas que fazemos quando temos essa noção e alguem diz que não é bem assim? Que fazemos quando sabemos que não somos e alguem pensa que sim? Que fazemos quando queremos bem a alguem que nos segura na mão e temos a noção que em nós não há nada de bom?

Que fazemos quando nos confundimos com uma pedra?

:-)

(poderia até ser algo, mas é apenas mais um momento de sintonia entre mim e a minha fraqueza)

sábado, 10 de maio de 2008

" Não será a vida avaliar, preferir, ser injusto, ser limitado, querer ser diferente?"

sexta-feira, 9 de maio de 2008


... como se o amanhecer tivesse voltado

- nunca pensaste em tentar...

-porque é que não fazes...

Algumas pessoas costumam iniciar algumas conversas comigo assim. Pessoas que não sei porque acreditam mais do que eu próprio. E é um sentimento estranho pensar que aquela pessoa que está ali diante de nós, pensa que somos capazes, e no fundo não somos. Não sei sinceramente porque é que me acontece isto, porque é que as pessoas confiam naquilo que sou, quando eu próprio não sou capaz de o fazer. Tenho medo de desiludir essas pessoas, secalhar por isso tento tanto não o fazer, e secalhar por isso elas continuam a confiar. Mas mesmo quando caio, quando falho, e são muitas as vezes que isso acontece, porque sou um ser bastante imperfeito, essas pessoas dizem - acontece a toda a gente. Sim é verdade mas não compreendo porque é que aos olhos dessas pessoas eu tenho mais margem de erro do que outras pessoas que me rodeiam. Depois há tambem aquelas pessoas que precisam de nós, e essas pessoas são mais perigosas, porque precisar, é diferente de confiar. Precisar por vezes é chupar o sangue por uma palinha, e só parar quando não restar uma gota, e quando cairmos no chão inanimados, deixamos de ser úteis. Com essas não sei como lidar, porque não sei dizer não, nem sequer tenho razão para isso, mas as vezes doi, doi saber que damos e damos e damos, e nem precisamos de chegar ao ponto de precisar um pouco tambem, porque nessa altura já temos algumas facadas nas costas...

Claro que isto são devaneios por algo que nem vale a pena.

Só gostava que as pessoas percebessem que sou fragil, que se sou capaz de alguma coisa não sou capaz de tudo. Claro que ninguem é capaz de tudo, mas há pessoas que pensam que sim, e eu não sou uma delas. Nada tenho contra essas pessoas, e que consigam chegar onde desejam, e que se precisarem de um pouco de mim, pessam, roubem, façam como quiserem, por mim tudo bem.

Só gostava é que não quisessem que eu acredite tambem....


quinta-feira, 8 de maio de 2008

" Mas, mesmo do ponto de vista das coisas mais insignificantes da vida, nós não somos um todo materialmente constituido, idêntico para toda a gente e de quem cada um não tenha mais do que tomar conhecimento, como se tratasse de um livro de contos ou um testamento, a nossa personalidade social é uma criação do pensamento dos outros."

Hoje o vento ao passar, levou-me a incerteza de ficar, como se ao partir me tivesse mostrado a angustia de deixar.


...simples como um sorriso

quarta-feira, 7 de maio de 2008

... como uma tempestade de pensamentos.

De manhã, quando acordo, aquilo que sou não se encontra no meu corpo, paira algures na minha orbita. Como se, quando durmo, pedaços de mim se fossem descolando e ficassem por ali suspensos no ar. O vazio que se cria é ocupado pela incerteza. De manhã sinto-me frágil.
Cheguei a um ponto em que deixei que esses pedaços de mim ficassem por ali, nem em mim, nem fora de mim, mas durante esse tempo a incerteza foi destruindo o hábito de os ter em mim, como se ao terem saido e permanecido algum tempo de fora eles deixassem de me pertencer.
Existem coisas que o "mundo" não aceita. Ás vezes apetece-me chorar. Tenho vontade de parar um pouco, sentar-me no chão, e de olhos fixos no nada, chorar, não de tristeza, nem de alegria, apenas chorar, deixar as lágrimas correrem pela minha face.
Por isso é que em tempos deixei que aqueles pedaços de mim ficassem por ali a flutuar.
Há quem diga que para aceitar é preciso perceber primeiro. Há tanta coisa que não percebo, como gritar a um surdo.
Neste momento apetece-me agarrar em tudo e voltar a coloca-lo no sitio, apetece-me gritar, mas que sentido faz gritar a um "mundo" surdo. E eu tambem não tenho nada para dizer. E de pessoas a gritar e sem nada para dizer está o "mundo" cheio.
Gostava tanto de te dar um bocado de mim, não interessa qual, nem sequer se esse me faz falta, mas que tenho eu que possa ser para ti? Sou um poço sem fundo.
Apetece-me dizer que gosto tanto de ti, mas sem o peso das palavras, tenho medo de destruir o que sinto com palavras, porque as palavras tornam tudo banal, e o que sinto é unico. Claro que já muitas pessoas o sentiram, e muitas outras o sentem neste preciso momento, mas o que sinto vive em mim, e lá, no sitio onde as coisas que são só minhas vivem, esse sentimento é unico, como uma flor que cresce no deserto, existem milhares de flores, em todo o lado há flores, mas ali no deserto ela é unica. Não sei se no deserto que sou não serás apenas uma miragem. Não sei. Sei que me apetece agarrar em tudo o que sou e correr. Mesmo que no fim seja só uma miragem.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Todos nós estamos ligados áquilo que nos rodeia. Os elos que nos unem a cada uma dessas coisas são aquilo que nos suspende na vida. Quantos mais elos partimos mais vulneráveis ficamos. É dificil perceber o porquê mas quanto mais nos aproximamos de algo mais exposto fica o elo que a ele nos liga. Os elos são como músculos, quanto mais os usamos mais fortes ficam, mas, tal como os músculos, é preciso ter a noção do seu ponto de ruptura, porque temos aquela mania de ir sempre um pouco mais alem, forçar um pouco mais, e depois... Como em quase tudo é dificil perceber o limite, é como uma pequena e frágil linha que vamos puxando, puxando, sem ter a noção que está quase, quase a partir, só damos conta disso quando ela de facto parte, e ai não há volta a dar.
Quando estamos mesmo proximos de algo esse elo quase se torna imperceptível, deixamos mesmo de perceber que ele existe, confundimos essa ligação com algo que se tornou em uma só coisa. Mas estamos enganados, porque o elo continua lá, sempre pronto a quebrar, é como se colocássemos uma peça muito frágil no centro de um corredor pelo qual passamos todos os dias, enquanto temos a noção que ela lá está desviamo-nos, quando a perdemos o mais certo é tropeçar nela e quebra-la.
Tenho dificuldade em perceber o que posso forçar, tenho medo de quebrar os poucos elos que me seguram aqui, nem sequer tenho a noção de como perdi todos os outros, não sei se fui os quebrei, não sei se pura e simplesmente eles desvaneceram no tempo, talvez por isso pego agora naquele que nos une como quem segura nas suas mãos o mais frágil pedaço de vidro, com aquele medo terrivel de o deixar cair e estilhaçar no chão.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Gostava que o mundo parasse um pouco, que tudo nele se imobilizasse, e que eu nessa ausência de tudo podesse por ele vaguear. Porque o movimento dá-nos uma perspevtiva diferente das coisas, é mais dificil focar algo que se desloca. Gostava que nesse mundo imovél as pessoas segurassem nas suas mãos um pequeno pedaço de papel, e inscritas nesse pedaço de papel estivessem as suas ambições, os seus sonhos, os seus medos, as suas esperanças. Gostava de perceber por esse pequeno pedaço de papel quem era essa pessoa, o que a move e o que a pára. Penso nas consequênçias que teria apagar ou escrever algo no papel de alguem, se mudaria algo nessa pessoa, não sei se seria como uma ferida, pela qual o sangue irrompe durante algum tempo até que o corpo se volta a fechar naquilo que era.
Imagino-te a ti a flutuar nessa fotografia do mundo, e a pegares com as tuas delicadas mãos no meu pedaço de papel e nele escreveres - esperança.
Sinto que algo incandescente caiu no gelo que sou, algo que me derrete, que por vezes me chega a queimar. Não sei se o Inverno que sou vai expelir esse calor de mim.

domingo, 4 de maio de 2008

De repente percebemos que algo de puro vive em nós, e nesse momento sorrimos, e agradecemos a quem desceu do céu para lá o pôr...

... depois o tempo pára e tudo resto desaparece, acho que acontece sempre assim quando se toca na perfeição. Mas continuo a achar que mereces muito mais, muito melhor, mas quem sou eu... só quero ficar, até que queiras, porque desde que chegaste sei que serei sempre tu sejas.

gosto de ti.

sábado, 3 de maio de 2008

It's a thin line 'tween heaven and here.

"... somos pouco mais do que poeira soprada por forças que nos transcendem e não vale a pena procurar explicações para tudo o que nos acontece. A vida é mesmo assim, feita de imponderáveis que não dominamos."

sexta-feira, 2 de maio de 2008


"Por vezes pensamos que somos fortes, que podemos até tropeçar, podemos até cair, mas que nunca lá chegaremos, lá ao fundo. Achamos até um pouco parvo como é possivel alguem se deixar arrastar até lá, até ao mais profundo silêncio. Achamos que sabemos o que precisamos, achamos que estamos a lutar por algo que vale a pena, por algo que vai compensar o esforço. Pensamos até nisso, no facto de acharmos que estamos a fazer uma grande esforço para seguir em frente, para evoluir. Se conseguirmos viver assim toda a vida seremos felizes.
Senão as luzes apagam-se, o mundo reduz-se a um ponto sem sentido. Mas mesmo assim procuramos, achamos que não é possivel, que tem de haver em algum sitio, em algo, aquela luz que um dia vimos, que um dia sentimos. Mesmo assim vamos continuando, vamos fazendo, mesmo que achemos aquilo algo de inútil, algo que não nos levará a lado algum. Aceitamos que é assim a vida...
Depois acontece algo, e esse algo está nos teus olhos, na tua voz, na tua presença, e ai percebo que o mundo vive. Percebo que afinal aquela luz nunca desapareceu, apenas deixei de ter a capacidade de a ver, secalhar a sua própria intensidade cegou-me. Percebo que o ponto sem sentido sou eu. Talvez assim percebas a dificuldade que tenho de te olhar nos olhos, claro que não vou pedir que fiques até que os meus olhos se voltem a adpatar a essa luz, sou egoísta mas não a esse ponto. É tão estranho perceber que a vida nos abandonou, mas de certa forma é tambem um alivio, é bom saber, que mesmo estando eu morto, o mundo vive."

"... o relógio continua sempre a andar e as horas passam a grande velocidade. O passado aumenta, o futuro diminui. Á medida que diminuem as possibilidades, aumentam os arrependimentos."


e quando pararmos de citar ficaremos assim, em silêncio.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Inspira. Pára. Deixa. A ilusão de ser capaz.

Nasceu assim, não sei porquê, nem para quê. Depois viveu. Um dia morreu.
Não podemos dizer que deixou a sua marca, mas talvez nós o tenhamos marcado. Não foi, mas pelo menos deixou ser. Talvez num dia chuvoso nos lembremos dele, da sua respiração, do seu olhar de coisa perdida. Não sabemos se procurou, se encontrou. Não sabemos se sentiu o sabor da vitória ou o desgosto da derrota. Sabemos apenas que um dia foi, como uma folha que cái de uma árvore e é levada pelo vento, depois deixou de ser. Não se pode dizer que o tenhamos perdido, porque tambem nunca o tivemos.
Talvez um dia , quando um vulto perturbar a paz do silêncio e ao procurarmos nada encontrarmos, nos lembremos quem foi.

Que descanse em paz.

Open up the broken cup
Let goodly sin and sunshine in
Yes that's today.
And open wide the hymns you hide
You find reknown while people frown
At things that you say
But say what you'll say
About the farmers and the fun
And the things behind the sun
And the people round your head
Who say everything's been said
And the movement in your brain
Sends you out into the rain.

Ás vezes dou por mim a pensar o quão frágil me tornei fisicamente. Porque o não acreditar tambem nos vai comendo o corpo. Aquilo que em tempos seria para mim uma coisa fácil e que me daria algum "prazer" a fazer, hoje assemelha-se a uma luta contra a vontade do meu coração me sair pela boca.
Mas os pássaros continuam lá, as árvores, os campos verdes, o ar puro (ou mais ou menos), eu é que lhes tenho faltado, mas acho que tambem não devem ter sentido muito a minha falta, acho piada ao facto de no meio do nada tudo ter outra dimensão, até porque dificilmente ao andarmos pela rua alguem que não conhecemos nos diria alguma coisa, lá no meio do nada quando encontramos alguem, esse alguem olha para nós sorri e diz - bom dia - e nós perplexos pela pureza do momento dizemos tambem - bom dia - e algo sorri dentro de nós. (o coração não, porque esse continua a sua luta incansável para nos sair pela boca :-))