A lágrima
O ritmo constante da chuva nas telhas tira-me de um lugar petrificado, uma imagem que ficou ali imóvel. Não sei se ficou para recordar ou para me mostrar que nunca poderá ser. Uma fotografia tirada de um sonho e que ao acordarmos, de manhã, continua lá misturada com todas as outras, outras essas que já nem se consegue saber se pertencem a uma realidade vivida ou se ficaram lá tempo suficiente para se tornarem, para nós, tão reais como elas.
Encosto a testa na janela, a chuva caí violentamente. Uma pequena gota desliza pelo vidro arrastando no seu caminho uma outra, depois outra e outra, as necessarias para formar um corpo com a massa suficiente para se libertar do vidro e se estilhaçar no chão, para voltar a ser o que era no principio. No chão forma-se um pequeno regato, navegável para pequenos seres, como todas as correntes arrasta tudo o que encontra, sem escolha, sem vontade, é assim a corrente.
Os meus pés, descalços, sentem o frio do chão, a imagem desvanece, como só fosse possivel focar uma coisa de cada vez. Sobre o meu pé cái uma gota, que desliza por ele até ao chão frio. Coloco a mão no vidro e penso se será possivel sentir a imaterialidade. Imagino a vida como um conjunto de vidros que nos separam dela, uma especie de vidros organicos, que se tornam, com o passar do tempo, mais ou menos espessos. Vidros esses transponiveis pela vontade, ou pelo medo (independentemente de acharmos ou não diferenças entre estas duas palavras) como a daquela gota que por vontade de passar ou por medo de ficar se aninhou a meus pés.
Ao lado da gota encontra-se um livro. Um livro com capas pretas. No fundo da capa chegado á direita encontra-se o meu nome. Baixo-me e pego nele, sinto a sua leveza, como se por momentos a gravidade deixasse de existir sobre ele. Sento-me na beira da cama e começo a folhear o livro, assemelha-se a um diário, a maior parte das folhas foram arrancadas, estremeço, como se segurasse nas minhas mãos a minha própria memória. Na ultima pagina escrita encontra-se aquela imagem. Sobre ela cái uma gota. Gota essa que me lembra que nem toda a vontade, nem todos os medos nos fará atravessar este vidro que nos separa.
O ritmo constante da chuva nas telhas tira-me de um lugar petrificado, uma imagem que ficou ali imóvel. Não sei se ficou para recordar ou para me mostrar que nunca poderá ser. Uma fotografia tirada de um sonho e que ao acordarmos, de manhã, continua lá misturada com todas as outras, outras essas que já nem se consegue saber se pertencem a uma realidade vivida ou se ficaram lá tempo suficiente para se tornarem, para nós, tão reais como elas.
Encosto a testa na janela, a chuva caí violentamente. Uma pequena gota desliza pelo vidro arrastando no seu caminho uma outra, depois outra e outra, as necessarias para formar um corpo com a massa suficiente para se libertar do vidro e se estilhaçar no chão, para voltar a ser o que era no principio. No chão forma-se um pequeno regato, navegável para pequenos seres, como todas as correntes arrasta tudo o que encontra, sem escolha, sem vontade, é assim a corrente.
Os meus pés, descalços, sentem o frio do chão, a imagem desvanece, como só fosse possivel focar uma coisa de cada vez. Sobre o meu pé cái uma gota, que desliza por ele até ao chão frio. Coloco a mão no vidro e penso se será possivel sentir a imaterialidade. Imagino a vida como um conjunto de vidros que nos separam dela, uma especie de vidros organicos, que se tornam, com o passar do tempo, mais ou menos espessos. Vidros esses transponiveis pela vontade, ou pelo medo (independentemente de acharmos ou não diferenças entre estas duas palavras) como a daquela gota que por vontade de passar ou por medo de ficar se aninhou a meus pés.
Ao lado da gota encontra-se um livro. Um livro com capas pretas. No fundo da capa chegado á direita encontra-se o meu nome. Baixo-me e pego nele, sinto a sua leveza, como se por momentos a gravidade deixasse de existir sobre ele. Sento-me na beira da cama e começo a folhear o livro, assemelha-se a um diário, a maior parte das folhas foram arrancadas, estremeço, como se segurasse nas minhas mãos a minha própria memória. Na ultima pagina escrita encontra-se aquela imagem. Sobre ela cái uma gota. Gota essa que me lembra que nem toda a vontade, nem todos os medos nos fará atravessar este vidro que nos separa.
3 comentários:
Eu sinceramente não sei o que te diga. As palavras falham muito em mim, isso já deves ter percebido. E às vezes não sei até que ponto não será melhor remeter-me ao silêncio. O problema é que o silêncio é aquela coisa que nem sempre funciona e muito poucas vezes é compreendido. Normalmente só funciona quando a pessoa está ao nosso lado mas às vezes nem assim.
Eu não quero que me peças desculpa, até porque eu não tenho nada para te desculpar. Não sei até que ponto não terei de ser eu a pedir desculpa. Eu já te disse isto, gostava mesmo de te poder ajudar mas a verdade é que para além de não achar que o estou a fazer também acho que estou a "desajudar". Não sei porquê mas não consigo deixar de achar que não te estou a fazer bem e a verdade é que eu gosto demasiado de ti para te fazer mal.
Eu sei que às vezes as cicatrizes deixam marcas demasiado profundas que nos impedem de viver. Também sei que tudo leva o seu tempo a sarar. Eu acredito em ti, acredito sinceramente que vais conseguir ultrapassar tudo isso. E não importa o tempo que levar. Não importa onde isso te vai levar. Se for para melhor vale sempre a pena e mesmo que isso te leve para longe de mim não importa, porque acima de tudo eu quero que sejas feliz.
E se precisares de mim eu vou estar sempre aqui. Não sei se servirá para grande coisa mas é o que eu tenho. E é pouco, eu sei, mas não interessa.
Eu posso ser muito parvinha mas gosto imenso de dias de chuva. Dão me sempre outra perspectiva das coisas para além de que me fazem pensar bastante. Mas eu hoje estou meio estranha. Sinto que os meus pensamentos estão presos por fios muito frágeis e estão sempre a quebrar. Mas não há muito a fazer em relação a isso.
Aproveita também tu o dia da melhor forma possível :)
beijinho*
Eu não quero que penses muito na imagem que eu tenho de ti. Ela é o que é e representa o que representa e também não acho que vá mudar muito só por não concordares com ela. Ainda tenho esperança que talvez um dia a compreendas.
E também não quero que te preocupes com o que eu mereco ou não. Ontem disseste-me nao sei quantas vezes que achas que eu mereco melhor. Eu acho que tu és muito mais do que aquilo que eu mereco. Talvez seja dificil para ti perceber isso, eu entendo que seja. Mas não tens de te preocupar com isso.
Eu acho que todos temos feridas por sarar e sinceramente não vejo mal nenhum nisso. Acho que consigo esconder bastante bem as minhas mas também nao sei se isso será uma coisa boa porque é quando deixamos uma ferida ao ar que ela começa a cicatrizar. A coisa que eu mais gostava era de conseguir deixar cair a mascara porque acho que isso me levaria a um sítio muito melhor.
Também não interessa estar a falar sobre isto. Só não quero que penses que eu quero que mudes. Eu não quero nada disso. Só que, tal como disseste, gostar de uma pessoa é querer o melhor para ela.
Eu gostava sinceramente que nao te preocupasses muito com essa coisa do meu espaço. Talvez por eu ser um bocado fechada tenho a noção de que o espaço que existe entre mim e o resto da sociedade é demasiado grande e também por isso quando me quero aproximar de alguém sinto sempre que o caminho a percorrer é tão longo.
Mas eu gosto sempre de estar contigo e quando me quiseres ao teu lado só tens de me dizer. A verdade é que as coisas nem sempre são como queremos e eu hoje não me estou a sentir muito bem. Isso e o facto de ter horrores de coisas para estudar também não ajuda muito.
Espero sinceramente que esse passeio te ajude, a mim andar ajuda-me sempre :)
beijinho*
Por acaso não estou assim grande coisa. O meu estomago hoje não está a contribuir :|
Mas isso é um mal menor e também não é relevante.
Cá para mim os bichinhos queriam socializar :P
Só é mau quando eles começam a ver em nós a sua fonte de alimentação :x
Mas é sempre agradável passar algum tempo em contacto com a natureza, e com um livro por companhia ainda melhor. Por acaso é coisa de que tenho algumas saudades.
E acho que devias aproveitar essa vontade ainda que moderada. Mesmo que acabe por ser uma valente porcaria tens sempre a possibilidade de ir embora a meio por isso pronto, não perdes grande coisa :)
beijinho*
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