sábado, 12 de abril de 2008

O mundo enche-me de uma ansiedade terrível. Os olhares cravam-se-me na pele como facas. E cada vez mais, e cada vez com mais intensidade. Os meus olhos não param. Dança macabra.

-diz?
-desculpa estava a pensar noutra coisa.

É inevitável. É uma espécie de protecção, ao sobrecarregar-se desliga. Parte para parte incerta, nos confins do nada.

Deixa-me tocar o céu, sentir o vento na face. Deixa-me cair, e sentir o pânico da queda. Deixa-me embater no chão, e sentir o meu corpo esmigalhar-se em centenas de pequenos pedaços.

Não me acordes. Eu sei que está chegar. Mas deixa vir. Cá estarei para acolher de braços abertos. Ou pelo menos com a indiferença devida.

-sim?
-hummm talvez aquele ali
-sim esse

E esta neblina, que faz aqui? Não te consigo ver. Estás ai?

-vamos?
-ok

2 comentários:

M ♑ disse...

Acho que não. Às vezes acho que ele vai de férias por tempo indeterminado porque eu sou de riso fácil mas dificilmente sinto esse riso.

Inútil, que não serve para nada, que é desnecessário. Enfim, tu sabes a definição. A maior parte das coisas que eu digo ou escrevo encaixam bem nela.

E sabes o Mundo tem o dom de nos abanar de uma forma incrível. Continuo a dizer que não sei nada da vida mas acho que quando há medo, ansiedade, terror ou o que quer que seja é sinal de que estamos vivos e que o que quer que seja que provoca esse efeito em nós vale a pena. Nem que seja para sentir o coração a bater, só para saber que ele ainda bate e que está dentro de nós.

*

M ♑ disse...

Tudo depende do uso que se dá às coisas. Acho que nos dias que correm a internet é apenas uma forma de mandar cá para fora toda a podridão que temos dentro de nós. Porque é fácil, é acessível...enfim, é só a minha opinião mas eu também gostava de ter nascido noutro século.

E bem, desculpa que te diga mas tu não fazes ideia da má relação que eu tenho comigo própria e portanto é natural que não compreendas certas coisas. Podes ter a certeza que acredito naquilo que escrevi e aliás, isso explica muita coisa.
Eu sei que a primeira pessoa de quem nós devemos gostar é de nós próprios mas ando um bocadinho longe disso. É pena.

Um bom dia*