quinta-feira, 10 de julho de 2008

Todos estamos a procurar. Mas afinal o que procuramos? Imagino o princípio da necessidade, quando o olhar de dois seres se cruzaram, quando o corpo corroeu de fraqueza a primeira vitima, imagino as primeiras lágrimas provocadas pela primeira dor alguma vez sentida, e imagino a necessidade de fazer algo para seguir em frente, para ir um pouco mais alem. Como se dá sentido a algo que partimos do principio que, por já cá se encontrar, tambem nos pertence? Será encontrar, neste tempo de caprichos, apenas tomar conhecimento da existência de algo?
Goatava de poder mudar algo, mesmo que isso, no fim, não mais que um capricho fosse tambem, só para perceber se ainda temos a capacidade de encontrar, se ainda sentimos a necessidade, se ainda sentimos.
Mas não posso.
E eu nem queria algo melhor, nem algo diferente, nem tão pouco algo novo, queria apenas algo que fosse meu. Mas o rio continua a correr em direcção ao mar. E nós? Para onde corremos nós?

4 comentários:

M ♑ disse...

Eu não gosto muito de falar dos hábitos que as pessoas têm mas sempre tive ideia de que às vezes é tão urgente a procura de algo que se torna muito mais fácil encontrar. Porque quando embarcas em algo como a procura acabas por te perder dentro dela e chega uma altura em que já não sabes o que estás a procurar, em que se torna urgente encontrar qualquer coisa, mesmo que não seja aquilo que querias encontrar no inicio. E depois acabas por encontrar qualquer coisa que não tem grande utilidade, que só vai preencher um vazio e que está, por assim dizer, corrompida.
Também acho que há muita a tendência para tomar como nossas as coisas que nos rodeiam, como se algo por estar no nosso domínio tivesse obrigatoriamente que nos pertenter. Não sei se será assim. Essa é uma coisa que eu não percebo muito bem até porque eu funciono um bocado ao contrário e custa-me compreender esse tipo de coisas. Mas acho que não tem de ser assim. Num mundo perfeito só devíamos encontrar aquilo de que precisamos realmente, aquilo que nos faz falta para sermos um ser completo, aquilo que queremos encontrar mas este mundo anda longe de ser perfeito. Só que eu também não acho que nos devamos resignar a um não posso, porque essas palavras são um bocado frustrantes. Devemos sempre lutar pelos nossos objectivos e acreditar que no meio da luta vamos encontrar aquilo que queremos. O resto é ter força para seguir o objectivo inicialmente proposto e nunca esquecer qual o propósito daquela busca. Não é que isso seja uma coisa fácil de se fazer mas secalhar desistir custa mais.

Tem um bom dia :)
beijinho*

C.G disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C.G disse...

Procuramos o que não temos,e do que não temos sentimos saudade,procuramos a razão por que vivemos,sem encontrar resposta à nossa necessidade!

M ♑ disse...

Não sei se será assim tão simples. Secalhar tudo isto só faz sentido com o medo aqui e se um dia ele for embora, também o resto vá. Não sei. Sei que o medo é uma coisa muito negativa e eu às vezes deixo-me levar por ele. Como se agora ele estivesse aqui a dar-me a mão e eu não conseguisse largar e me deixasse levar por ele. O que é certo é que com ele por perto eu perco um bocado a noção do limite, de até onde é que posso ir e de até onde é que isto me vai levar. E quando dou por mim já desci tão fundo que se torna complicado voltar à superficie. Nem sei se isto faz algum sentido, há momentos em que nem para mim faz e em que tudo isto me parece extremamente ridiculo.
Mas também não sei se pode ser de outra forma.

Espero que o teu dia tenha corrido bem e que te sintas bem :)
O meu até não foi mau considerando as circunstâncias, pelo menos correu tudo dentro do previsto. E agora estava para ali a ler com uma musiquinha de fundo quando aqui a cena se lembrou de passar portishead. Eu não sabia, mas estava me a apetecer imenso ouvir isto :\
É sempre bom saber que alguma coisa esta em sintonia connosco :)

Tem uma boa noite
beijinho*