é daqui que parte, deste ponto minúsculo que agora seguras com a força que dispensas das tuas lutas, é tão leve, tão frágil, pelo menos parece ser, até que começa a pular, e com as batidas contínuas se afunda na pele, sem saber como consome tudo o que és mesmo que sejas tudo e ele nada, como se pára não sei, como se constroi mais para que por ele seja consumido é um jogo de dar e receber, dá-se o que se tem e em troca recebe-se os destroços para que com eles continues a construir, como se faz não sei, faz-se como se um dia tivesses e no dia seguinte tivesse desaparecido, procuras, não encontras e voltas a erguer, com os pequenos pedaços perdidos que recebeste de volta
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3 comentários:
Eu às vezes tenho dificuldade de dizer o que quer que seja. Há dias em que sinto que não consigo tirar nada cá de dentro e passá-lo para o exterior.
Mas eu acho que a vida é muito isso. Não sei se as noções de tudo e nada fazem sentido porque isso são estados, são transições. Não sei, acho que todos somos tudo e nada em vários momentos. Todos somos ruínas, todos somos castelos e viver passa muito por isso, por passar pelos dois estados, por tentar reconstruir quando tudo cai.
Como se faz não sei. Não acho que faça sentido a vida ter um manual de instruções.
Não interessa o que se recebe de volta. Quando queremos dar não interessa muito se temos muito ou pouco para dar, o importante é dar o melhor que tivermos. Não interessa se recebemos mais do que damos, isso é tão relativo. Às vezes pensamos que damos tão pouco e para a outra pessoa aquilo que damos é o mundo.
Sexta é de química analítica. Esse ao menos é de manhã, sempre dá para descansar o resto do dia.
Espero que o dia de hoje seja melhorzinho e que te sintas melhor, espero mesmo que sim.
beijinho*
Também não sei se o controlo dará assim tanta segurança.
Eu acho que tanto a ponte como as duas margens são aquilo que eu sou. O que está para lá delas é que foge dos meus domínios e é aí que eu não consigo estar durante muito tempo. Ir a uma margem e voltar ao centro da ponte é ir e tentar lidar com aquilo que há dentro de mim e é depois voltar ao centro por não o conseguir aguentar durante muito tempo, mas se eu nem consigo lidar com isso acho que não faz sentido ir muito mais longe.
A questão da porta aberta assusta-me imenso, porque essa porta já esteve aberta e a vida ensinou-me a não a deixar assim. Não quer dizer que esteja fechada, que não está, mas também não é assim tão simples.
Eu ando tão dormente que nem sei se consigo sentir alguma coisa. De qualquer forma as saudades de tenho de ti são das poucas coisas que me dizem ainda me resta um bocadinho da capacidade de sentir.
Não sei se perder o contacto com a realidade é algo mau. Não é bom, eu sei, mas estar na realidade em pleno também não é. Talvez só tenhas de a agarrar ao de leve para não a perderes totalmente. Só, como se fosse fácil. Não sei. Gostava mesmo que estivesses bem.
beijinho*
Secalhar passa mesmo por aceitar que há coisas que não existem para fazer sentido. Isso causa-me alguma confusão mas acredito que seja uma questão de hábito. Talvez um dia o consiga aceitar.
Também acho que o que me tem feito ficar nesta ponte é sobretudo o medo de ir mais longe. Porque dá um medo terrível ter de partir assim do nada em busca de algo que não sabemos bem o que vai ser, em busca de algo que não compreendemos. Não sei, acho que mesmo quando vamos de férias dá sempre aquela segurança saber que temos uma casa à nossa espera e a que podemos voltar sempre. Mas partir para algo que não compreendemos é andar no escuro e no escuro as probabilidades de nos perdemos aumentam exponencialmente. Quando nos perdemos é muito mais dificil voltar a encontrar a nossa casa, talvez até nem seja possível. Secalhar o medo vem daí. Ou secalhar não, não sei.
O meu dia não está a ser bastante agradável mas só porque é um bocado dificil um dia ser agradável quando estamos numa luta contra o relógio a ver a maior quantidade de matéria possível antes de um exame. Talvez fosse mais fácil se a minha cabeça tivesse uma capacidade estonteante de memorização mas a verdade é que isso não acontece e de nada me serve estar a olhar para deduções do arco da velha se depois não me vou lembrar de nada daquilo.
Mas também não sei do que é que me estou a queixar.
Espero que o teu dia tenha sido simpático e que enfim, tudo tenha corrido bem. A conversa é sempre a mesma mas de alguma forma reconforta-me saber se estás bem. Nestes dias um bocadinho de conforto vale pelo mundo inteiro.
beijinho*
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