domingo, 22 de junho de 2008

Ao tocares o chão nasce em mim a necessidade de perceber a chuva. Tenho dificuldade em perceber como é possivel levar tanto tempo a chegar ao ceu, tanto tempo para o cobrir de nuvens, cobrir o ceu, consegues imaginar, e depois, provavelmente ao alcançar a perfeição, lançar-se numa queda vertiginosa em pequenos pingos espalhando-se pelo chão, aquele chão de onde os meus pés nunca sairão. Como o consegues fazer? Custa-me a crer que seja um ciclo natural, que é algo inconsciente, não se pode ser perfeito sem querer e cair no chão para dele sair de novo em direcção ao ceu só porque ao nascer era esse o plano, tem de haver algo mais, algo que me foge ao entendimento. Aqui? Aqui a unica forma de o tocar, o céu, é sair á rua num dia de chuva, e ser chão de fragmentos perfeitos que dele se soltaram, ou então segurar na minha a tua mão.

2 comentários:

M ♑ disse...

Há muitas coisas que fogem à nossa compreensão e secalhar é assim que deve ser. Eu não acredito na perfeição, se ela existe é só na nossa cabeça, até porque é muito dificil encontrar algo na realidade que seja perfeito, mas tenho plena noção de que há pessoas que se aproximam muito daquilo que ela representa. Tal como também existem pessoas que se afastam dela de forma extrema. Bem sei que a tendência é a de generalizar, é como a noção de infinito. A perfeição está lá no extremo, nunca ninguém lá chegou porque há sempre muito mais para além do sítio onde estamos.
Não sei se será possível ser de forma inconsciente, mas se for...bem, isso é capaz de explicar muita coisa.
Tens de acreditar que tens a capacidade de tocar o céu, todos temos. Acredito que essa seja uma das coisas que nasceu connosco. O problema é que às vezes perdemos as coisas de vista e quando não as temos aqui à frente torna-se dificil acreditar que elas existem. Às vezes é dificil ver para além daquilo que os nossos olhos nos mostram mas tens de acreditar que essa capacidade está algures perdida em ti, só tens de a encontrar.

Eu tenho tentado não pensar muito naquilo que sou ou deixo de ser. Tenho uma vaga noção e isso chega-me para o dia a dia até porque nao é algo com que eu queira lidar frequentemente. O resto está isolado no fundo de qualquer coisa.
E acho que não pensar muito nisso, ou tentar não pensar também é querer aproveitar aquilo que a vida nos dá quando não esperamos nada dela.

O meu pé está melhor, pelo menos o direito. Eu sou o desastre em pessoa, devo ser a coisa mais ridicula que anda à face da terra mas a verdade é que à bocado fui a casa do meu avô e quando ia de lá a sair a tentar não fazer esforço com o pé direito acabei por tropeçar num degrau e torci o esquerdo. Isto visto de fora é capaz de dar vontade de rir mas enfim, pelo menos o direito já não me doi :x

Eu acho que nao te pergunto se estás bem nas próximas decadas senão qualquer dia bates-me :P
Mas enfim espero que esteja tudo bem e que tenhas conseguido pôr o sono em dia.
E aproveita o domingo da melhor forma possível.

Também gosto muito de ti :)
beijinho*

M ♑ disse...

Eu acho que a minha repulsa pela perfeição não passa de um medo. Já me custa construir castelos muito altos porque sei que um dia eles vao acabar por ruir. Talvez por já ter construído bastantes, não sei porquê é sempre muito mais fácil acreditar nos outros do que em mim. A verdade é que eu agora prefiro não olhar para as coisas com a noção da perfeição, porque sei que isso é só uma ilusão e é mais seguro assim. É claro que eu posso achar, posso olhar para muitas coisas e vê-las como perfeitas mas isso é só uma imagem, não é um todo. E acho melhor não ter o castelo já todo construído, quase a tocar no céu. É bom ir construíndo aos bocadinhos e ir-me surpreendendo com a construção. Para ser sincera não sei se haverá algo melhor do que isso.
Não sei se tens de pensar no caminho, nem sei se existirá um caminho e apenas um. Tens de acreditar que aquilo que tens dentro de ti te vai indicar o caminho quando fechares os olhos. Só tens de te deixar levar. Às vezes é tão fácil quanto isso.

Não sei se será bom conhecermo-nos assim tão bem. Eu acho que devemos saber aquilo que somos e com o que podemos contar, mas conhecer mesmo muito bem não deixa margem para surpresas e é um bocado triste quando deixamos de nos surpreender connosco próprios. E citando o Ricardo Araujo Pereira na sua crónica na visão desta semana "(...) o primeiro recomendava "Conhece-te a ti mesmo", o que, pelo menos no meu caso, constitui um péssimo conselho. Conheço-me apenas de vista, e já é bom. Um conhecimento profundo obrigaria a uma convivência mais intensa, e eu não me dou com gente desta." :P
Agora fora de brincadeiras, acho que termos noção do que somos na totalidade é o que nos afasta do mundo. Porque saber que é isto e nada mais que isto e depois olhar à volta e ver tanto mais do que isto dói um bocadinho.

Eu sou uma pessoa feliz, pelo menos acho que sim. Tenho alguma facilidade em me rir e dizer parvoíces mas acho que isso é fruto da idade e também não quer dizer grande coisa. Tenho os meus momentos mais coisinhos mas isso também não faz de mim uma pessoa deprimida ou em constante guerra com o mundo. É aquilo que eu sou, não sei. Também não sei ser muito mais do que isto.
A felicidade não está em mim. Está em tudo o que me rodeia, em todos aqueles que caminham ao meu lado. Pelo menos é por lá que a vou encontrando. Às vezes o que falta é a sintonia com o mundo, é o não saber se há espaço para mim nessa felicidade, mas eu já me habituei a viver com isso.

Este calor é um bocado chato. Sinceramente a unica coisa que me apetece com o tempo assim é estar de molho e beber coisas frescas :\ Os dias assim são um bocado contraproducentes, não há vontade para grande coisa.
Eu nao sei o que vou fazer, acho que me vou perder um bocadinho pela orgânica e depois tenho de passar pela festinha do meu primo mais nao seja para deixar o fruto daquelas duas horas que perdi ontem em Torres Novas :x

Uma boa tarde também para ti :)
beijinho*