Todos nós estamos ligados áquilo que nos rodeia. Os elos que nos unem a cada uma dessas coisas são aquilo que nos suspende na vida. Quantos mais elos partimos mais vulneráveis ficamos. É dificil perceber o porquê mas quanto mais nos aproximamos de algo mais exposto fica o elo que a ele nos liga. Os elos são como músculos, quanto mais os usamos mais fortes ficam, mas, tal como os músculos, é preciso ter a noção do seu ponto de ruptura, porque temos aquela mania de ir sempre um pouco mais alem, forçar um pouco mais, e depois... Como em quase tudo é dificil perceber o limite, é como uma pequena e frágil linha que vamos puxando, puxando, sem ter a noção que está quase, quase a partir, só damos conta disso quando ela de facto parte, e ai não há volta a dar.
Quando estamos mesmo proximos de algo esse elo quase se torna imperceptível, deixamos mesmo de perceber que ele existe, confundimos essa ligação com algo que se tornou em uma só coisa. Mas estamos enganados, porque o elo continua lá, sempre pronto a quebrar, é como se colocássemos uma peça muito frágil no centro de um corredor pelo qual passamos todos os dias, enquanto temos a noção que ela lá está desviamo-nos, quando a perdemos o mais certo é tropeçar nela e quebra-la.
Tenho dificuldade em perceber o que posso forçar, tenho medo de quebrar os poucos elos que me seguram aqui, nem sequer tenho a noção de como perdi todos os outros, não sei se fui os quebrei, não sei se pura e simplesmente eles desvaneceram no tempo, talvez por isso pego agora naquele que nos une como quem segura nas suas mãos o mais frágil pedaço de vidro, com aquele medo terrivel de o deixar cair e estilhaçar no chão.
terça-feira, 6 de maio de 2008
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1 comentário:
Eu acho que dificilmente alguma coisa nos pertence. Sempre me fez confusão essa ideia de posse porque é como se estivessemos a reduzir algo que tem vida a um objecto, a uma coisa que está sempre lá, imóvel, sem vontade própria. Na vida nada é assim tão simples.
Essa dificuldade de que falas é natural, ou pelo menos eu acho que seja. Ter medo deixa-nos alerta, com uma preocupação constante e isso é bom porque quando temos medo que algo quebre de certa forma tentamos ao máximo proteger esse algo. Quando não nos preocupamos andamos mais à vontade, não ligamos muito às coisas, não as protegemos e eventualmente elas acabam por quebrar. Temos que ter noção de que a maior parte das coisas que nos rodeiam são extremamente frágeis e que podem quebrar às vezes mesmo sem querermos.
De qualquer forma, e acho que já te disse isto, eu vejo a vida como um jogo de equilibrios (teoricamente claro). Tem de haver essa preocupação, esse cuidado, sim. Mas às vezes também temos de forçar um bocadinho porque há sempre barreiras para quebrar. A noção de até onde é que podemos puxar não se consegue adquirir muito facilmente. Às vezes só tentando. Ir puxando devagarinho, um bocadinho de cada vez até sentirmos que já não vem mais. É um risco, mas às vezes arriscar compensa.
beijinho*
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