domingo, 11 de maio de 2008

Quando alguem pega numa pedra dificilmente pensa naquilo que ela já passou. É apenas uma pedra, apenas um pequeno grão nesta imensidão de nada.
Ao pegarmos numa pedra e ao segurarmos essa pedra algum tempo na nossa mão estamos a dar esperança a essa pedra, como se alguem pegasse na nossa mão depois de cairmos do mais alto rochedo, de onde nos libertámos, ou de onde fomos expelidos.
Não sei se as pedras sentem esperança.
É sempre dificil saber se aquilo queremos dar chega ao sítio onde desejamos que chegue, ou mesmo se aquilo que temos para dar tem alguma utilidade a quem seguramos na nossa mão. Quando delicadamente devolvemos a pedra ao sítio onde pertence, damos-lhe a angustia de saber que existe, porque quando seguramos alguma coisa durante um espaço de tempo na nossa mão o calor que em nós existe transmite-se a essa coisa, mas não lhe pertence, e ela só o sentirá enquanto a seguramos na nossa mão.
Não sei se as pedras sentem o calor.
Mas saber que existe pode ser algo de mau se tivermos a noção que só é para nós durante um determinado espaço de tempo.
Não sei se as pedras sentem amor.
Mas sei que se sentissem seriam invadidas por um sentimento de gratidão, que nasceu do simples gesto de alguem descer do mais alto dos ceus para a segurar um pouco na sua mão.

Não sei se as pedras têm a noção que nada são.
Mas que fazemos quando temos essa noção e alguem diz que não é bem assim? Que fazemos quando sabemos que não somos e alguem pensa que sim? Que fazemos quando queremos bem a alguem que nos segura na mão e temos a noção que em nós não há nada de bom?

Que fazemos quando nos confundimos com uma pedra?

:-)

(poderia até ser algo, mas é apenas mais um momento de sintonia entre mim e a minha fraqueza)

1 comentário:

M ♑ disse...

Eu dificilmente te compararia a uma pedra e dificilmente acharia que não tens nada para dar mas é só a minha opinião. Não sei se tens bem noção do que já me deste desde que nos conhecemos mas se achas que isso é nada então porque é que eu sinto falta de um bocadinho teu todos os dias? O nada quando é nada não nos faz falta, porque não há nada para fazer falta.
Só gostava que soubesses que eu gosto de ti pelo que és, pelo que sei de ti e tenho a certeza que a imagem que tenho de ti não é em nada exagerada porque eu não sou assim tão generosa. E eu estou aqui para ti, para o que for preciso seja bom ou mau. Às vezes estou um bocadinho longe mas essa é a parte da vida que não é facil. Mas se estiver ao meu alcance fazer qualquer coisa para te libertar desses teus medos diz-me que eu terei todo o gosto em ajudar. Porque uma parte gira de gostar de alguém é querer o bem para essa pessoa, querer vê la feliz. E eu quero muito ver-te feliz :)

beijinho*